A primeira língua artificial móvel do mundo é esperança para pacientes com a estrutura comprometida por câncer oral a voltar a falar.
A prótese é o resultado de uma pesquisa conduzida pela equipe do professor Shogo Minagi da Faculdade de Odontologia da Universidade de Okayama.
O dispositivo foi elaborado a pedido de um colega Kenichi Kozaki, da mesma universidade especialista em farmacologia dental. Kozaki teve a maior parte de sua língua removida cirurgicamente em decorrência de um câncer diagnosticado em maio de 2014. O seu desejo era de voltar a falar, assim como o de muitos outros pacientes com câncer bucal que também perderam parcial ou totalmente a capacidade de falar.
O número de pacientes com câncer bucal no Japão mais do que triplicou em 40 anos ( subiu de 2.100, em 1975 para 7.800 em 2015 de acordo com estimativas da Sociedade Japonesa de Oncologia Oral). Esses números não incluem os pacientes que tiveram línguas danificadas por acidentes de trânsito e outras lesões físicas.
Minagi encontrou somente um artigo que descrevia uma prótese língua que havia sido desenvolvida no passado, mas a língua artificial era parte de uma dentadura e não podia ser movida.
Segundo Minagi, o desenvolvimento de uma prótese bucal é um processo trabalhoso também para os pacientes, e credita a qualidade do produto a Kozaki, que por ser dentista pode oferecer um feedback técnico detalhado ao utilizar as muitas versões diferentes da prótese .
Ao falar, a língua precisa tocar o palato, mas as pessoas cujas línguas foram removidas são incapazes de fazer isso e, portanto, têm dificuldade em falar.
A língua artificial móvel desenvolvida pela equipe de Minagi produzida com resina pode se mover para cima e para baixo na boca, uma vez que está ligada aos dentes de posteriores por um fio. O usuário pode controlar o dispositivo, empurrando-a com a base remanescente de sua língua. Os usuários também podem utilizar um preenchimento de resina sobre o seu palato para facilitar o contato com dispositivo .
O pesquisador espera que o língua artificial móvel torne-se amplamente disponível, uma vez que os materiais a compõe já são utilizados regularmente, de modo que qualquer técnico em prótese dentária poderá fazer este tipo de prótese. E acrescenta: “Nós gostaríamos de compartilhar nosso know-how com clínicas em todo o país, para ajudar tantas pessoas quanto possível.”
De acordo com Minagi, Kozaki, que ainda está lutando contra o câncer depois de ter a maior parte de sua língua, ossos da mandíbula e faringe removido, também expressou a esperança de que mais pessoas vão aprender sobre o dispositivo e encontrar sua voz novamente.
A Universidade Okayama abriu um ambulatório chamado Yume no Kaiwa Purojekuto Gairai, um ambulatório cujo projeto é dedicado ao sonho de voltar a falar.
Ao menos quatro pessoas já estão utilizando as línguas artificiais feitas pela clínica. Isso não é tão simples pois conforme explica Minagi, leva vários meses para os técnicos ajustarem a prótese para atender os usuários e também para que os usuários treinem seus músculos para falar com o uso da prótese.
Baseado na reportagem publicada no www.japantimes.co.jp de autoria de Tomoko Otake
Liliana Junqueira de P.Donatelli